Royce Gracie é um profissional de artes marciais brasileiroe praticante de jiu-jitsu. É filho do grão-mestre Hélio Gracie, sobrinho de Carlos Gracie e irmão de outros nomes também conhecidos no mundo do Jiu-jitsu brasileiro e MMA mundial como Royler Gracie, Rickson Gracie, Rorion Gracie e outros.
Royce Gracie é faixa-preta de jiu-jitsu 7º grau, teve uma carreira vitoriosa dentro do vale-tudo mundial, sendo três vezes campeão do UFC e obtendo vitórias também no Pride e K-1 MMA
Quando a fama do Jiu-Jitsu Gracie foi tomando o Brasil, alguns integrantes resolveram migrar para os Estados Unidos e lá ensinar o estilo, mas foi difícil conseguir alunos, para isso eles deveriam provar que o GJJ era eficaz. Assim foram reeditados, só que no exterior, os desafios Gracie em academias a portas fechadas. Dessa forma começou Royce: com 1,85 m e pesando 80 kg, com sua técnica vencia oponentes de diversas artes; dentre eles o mais famoso foi o adepto do kung fu Jason DeLucia. Royce vivia nos Estados Unidos, junto com Rorion, que é seu irmão mais velho e treinava em sua academia. Isso foi no final da década de 1980.
Fundação do UFC
Após um tempo ensinando jiu-jitsu nos EUA e provando sua eficácia em combates reais, Rorion conseguiu algum certo renome, angariando alunos famosos e ensinando técnicas de defesa e ataque para a S.W.A.T.. Rorion então pensou que o mundo deveria saber que o Gracie Jiu-Jitsu era a melhor arte marcial e resolveu procurar uma empresa de entretenimento para ajudá-lo a criar um evento nos moldes de um desafio Gracie, mas com maior organização, no qual fossem cobrados ingressos e que fosse transmitido pela televisão paga americana.
Após se juntar à empresa SEG, Rorion pôde criar o UFC (Ultimate Fighting Championship) e em 1993 realizar o UFC 1 - The Begining (o palco das lutas era uma jaula de grades em forma de octógono). Rickson Gracie, por ser o melhor lutador da familia e do mundo no momento, seria o representante natural, entretanto, desentendimentos pessoais entre os irmãos indisponibilizaram tal acontecimento, assim, o lutador escolhido por Rorion para representar a superioridade do GJJ não poderia ser outro: Royce Gracie, faixa-preta alto e magro, o homem ideal para provar que a técnica podia superar a força. A família se reuniu novamente para treinar e dar apoio a Royce. No evento, todos entraram com o tradicional trenzinho, um atrás do outro, mostrando que todos estavam unidos pelo mesmo ideal e mesmo que apenas um entrasse no ringue os outros estariam ali para ajudar e apoiar. Aconteceu o esperado pelos Gracie: Royce, mesmo mais leve que todos os participantes, chegando a ter disparidades de 30 kg, venceu todos eles por finalização; sagrou-se campeão do primeiro evento oficial do vale-tudo moderno, marcando uma época e chocando o mundo com a técnica do Gracie Jiu-Jitsu!
Trajetória no UFC
Apesar do espetáculo da luta de Royce e Kimo no UFC 3, espectadores e fãs do Jiu-Jitsu brasileiro, aguardavam uma vitória plena e não uma desistência. Royce volta no UFC 4 que tornava-se mais acirrado. Enfrentando adversários mais pesados e mais técnicos, Royce venceu a todos, o último, Dan Severn, que havia mostrado ser o provável campeão. Este lutador de wrestling profissional foi finalizado com um triângulo, numa situação que lhe parecia favorável até o último instante. Royce Gracie surpreendeu comentaristas, locutores, milhares de espectadores e principalmente, Dan Severn.
Royce ainda enfrentou Ken Shamrock no UFC 5, em uma luta que durou meia hora. O resultado foi o empate, porém frustrante para Royce e os Gracie. Já o oponente Shamrock, que havia sido derrotado por Royce no UFC anterior, comemorou muito o resultado e escreveu também seu nome na história. Após esse evento, Rorion e Royce abandonaram o UFC com alegação de não concordarem com as novas regras, que previam limite de tempo de quinze minutos e trinta nas finais, com decisão dos juízes. Essa regras fugiam aos ideais Gracie, que, com a sensação de missão cumprida, abandonaram o UFC;
Depois de três títulos e reinar absoluto entre 1993 e 1995, ele saiu do UFC invicto e deu uma pausa no MMA até voltar no GP absoluto do Pride em 2000. Mesmo parado há muito tempo, com o esporte até tendo mudado de nome, agora chamado MMA (Mixed Martials Arts) e não mais vale-tudo, ele conseguiu uma vitória sobre o lutador japonês Nobuhiko Takada (lutador de solo vindo do pro-wrestling japonês), na primeira fase e avançou às quartas-de-finais, que seriam disputadas em outro evento.
O melhor lutador do Pride na época era Kazushi Sakuraba (adepto do submission Wrestling), aluno de Takada, e o Pride o colocou contra Royce nas quartas. Nessa noite, o campeão deveria fazer três lutas como nos moldes antigos do UFC. Nesse evento, as lutas eram de um round de quinze minutos, mas essa luta entre Sakuraba e Royce seria sem limite de tempo e só terminaria por nocaute, finalização ou desistência de um dos oponentes. Resultado: uma luta eletrizante, na qual um novo Royce, mais agressivo, mas ainda com antiga raça e coragem dominou os três primeiros rounds (de dez minutos cada) contra Sakuraba, que usou e abusou da estratégia de cansar e desgastar psicologicamente o mais velho e cinco anos inativo Royce. No segundo round, Royce encaixou uma gilhotina próxima ao corner. O vídeo da luta mostra claramente que Sakuraba faz sinal de desistência, batendo com a mão esquerda na cintura de Royce, porém como o árbitro não percebeu, no instante seguinte os lutadores vão ao chão e a luta é continuada. Considera-se que esta é uma estratégia desonesta no intuito de fazer com que o movimento passe despercebido pelo árbitro e o adversário afrouxe o estrangulamento. Por isto, há quem considere extraoficialmente, Royce Gracie como o vencedor deste combate. Após seis rounds, a equipe de Royce jogou a toalha. Sakuraba voltou para mais quinze minutos de combate contra o mais pesado Igor Vovchanchyn, nas semifinais, para também desistir e perder. Essa luta entre Royce e Sakuraba é a luta mais longa do Vale-Tudo moderno. Royce, em 2007, conseguiu derrotar Sakuraba, numa revanche.
Entretanto, após o combate, Royce foi pego em um exame anti-dopagem, aumentando, assim, a rivalidade entre os dois.
Royce Gracie foi o membro da família que mais evidenciou a eficácia do Jiu-Jitsu nos ringues do MMA. No entanto, como Marco Ruas havia dito muitos anos antes, só uma especialidade não seria o suficiente para ser um grande campeão. Seria necessário saber lutar em pé, boa formação em boxe, greco-romana,judô, entre outras habilidades. Com isso o grande campeão do UFC em suas primeiras edições agora se via obrigado a se adaptar aos novos requisitos: tinha que socar e chutar. A partir de então, Royce conhecia a derrota e se viu encurralado por lutadores não tão pesados como antes, mas, munidos de técnicas de defesa contra finalizações.
Royce Gracie continua sendo um ícone. Representou o Jiu-Jitsu de sua família com honra e coragem, fazendo desta arte marcial um dos requisitos básicos na formação de um atleta de MMA.